A
quadrilha de milicianos da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, faturava por mês mais
de R$ 80 mil só com o aluguel de 22 imóveis, alguns deles com até 15 unidades,
que foram construídos com recursos de extorsões e outros crimes praticados por
eles ao longo de anos de domínio da região. Esses “contratos” davam ao negócio
um aspecto de legalidade, servindo para lavar o dinheiro da organização
criminosa. Para quebrar o braço financeiro da quadrilha, comandada pelo
ex-vereador do Rio Cristiano Girão — já condenado a 14 anos de prisão por
comandar a milícia local — o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público e a equipe policial da 32ª DP
(Jacarepaguá) realizaram uma nova operação na Gardênia Azul. Dos onze
denunciados na nova ação penal, sete tiveram a prisão preventida decretada,
entre eles, o próprio Girão, que com isto perde o direito à progressão de
regime na pena que já cumpre desde 2009. Duas pessoas foram presas – as outras
já estavam na prisão.
Matéria da Record
Cristiano
Girão foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de formação de
quadrilha armada e lavagem de dinheiro. MP também denunciou a irmã de Girão,
Roselaine Castro Girão Vida; a mulher dele, a cantora de funk Samantha Miranda
dos Santos Girão Mathias, a MC Samantha; e mais oito pessoas. Ao receber a
denúncia, o juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, determinou
que os aluguéis pagos pelos locatários dos imóveis sejam depositados em juízo,
impedindo assim que o dinheiro volte para a quadrilha. Além disto, atendendo ao
pedido do MP, a justiça proibiu que a irmã e mulher de Girão voltem a visitá-lo
no presídio. Segundo as investigações realizadas pelos delegados Antonio
Ricardo Lima Nunes e Maurício Mendonça de Carvalho, da 32ª DP (Taquara), as
duas eram encarregadas de repassar à quadrilha as ordens de Girão.
Na operação desta segunda-feira,
os denunciados Fabio de Souza Salustiano, conhecido como “Rolamento”, e Robson
Dias Delgado, o “Índio”, foram presos. Eles são os responsáveis, segundo o MP,
por ameaçar moradores e comerciantes da comunidade. Também foram apreendidos na
sede da Associação de Moradores da Gardênia Azul cerca de R$ 15 mil em notas de
real, dólar e euros, além de documentos e fogos de artifício.
Em
novembro de 2011, o ex-vereador Cristiano Girão foi condenado pelo Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro a 14 anos, seis meses e seis dias de prisão, em
regime fechado. Preso em 2009, ele foi considerado culpado pelos crimes de
formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Além do ex-vereador, três acusados
de integrar o bando também foram condenados: o policial civil Wallace de
Almeida Pires, o Robocop; o bombeiro Carlos Fernando de Souza, o Zeca (ambos a
sete anos de reclusão por quadrilha armada, em regime fechado); e Solange
Ferreira Vieira, primeira ex-mulher do Girão. Todos terão de cumprir quatro
anos e oito meses de reclusão por lavagem de dinheiro, em regime semiaberto.
Outras sete pessoas foram absolvidas.
De acordo
com a denúncia do Ministério Público, desde 1990 o bando cobrava dos
comerciantes do bairro contribuições semanais em dinheiro em troca de
segurança. Ainda segundo o MP, a quadrilha ainda obtém pagamentos de pessoas
que exploram o transporte alternativo de passageiros, o comércio de botijões de
gás e a distribuição clandestina de sinal de televisão a cabo.
Em
outubro do ano passado, a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores do Rio decretou
por unanimidade (cinco votos a zero) a perda de mandato declarado do vereador
Cristiano Girão. Girão foi o primeiro vereador a perder o mandato na História
do Legislativo municipal. A punição, devido ao número de faltas, é prevista
pelo regimento interno quando um vereador deixa de comparecer a 30% das sessões
legislativas.
Fonte: Diário de Pernambuco
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