Evandro
Éboli,
Francisco
Leali e
Sergio
Fadul,
O Globo
Na tentativa de se livrar
da acusação de lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão, o
Banco Rural vai pôr em xeque um dos principais pontos das defesas de
Marcos Valério, o operador do esquema, e do PT.
As alegações enviadas
pelos dirigentes do banco ao Supremo Tribunal Federal (STF), que
serão reforçadas no início do julgamento, em agosto, sustentam que
recursos públicos abasteceram as contas da empresa SMP&B, de
Valério. Essas contas foram usadas para pagar o mensalão a
políticos aliados do governo Lula.
Valério e o ex-tesoureiro
do PT Delúbio Soares alegam que não houve desvio de recursos
públicos, e que o dinheiro repassado aos políticos tem origem em
empréstimos legais contraídos junto aos bancos Rural e BMG. Mas o
banco não confirma essa versão e diz que os recursos públicos
passaram pelas contas da empresa de Valério.
Blog do Noblat
Advogado de Jefferson diz que Lula "ordenou" mensalão
Luciana Nunes Real
Responsável pela defesa do
ex-deputado Roberto Jefferson, autor da denúncia do mensalão e um
dos 38 réus do processo, o advogado Luiz Barbosa disse nesta
terça-feira, 24, que seu cliente "exagerou" ao inocentar o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Barbosa vai sustentar tese
contrária no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF): dirá que
Lula "ordenou" o mensalão.
"O
Supremo considerou plausível para iniciar o processo que três
ministros - José Dirceu, Anderson Adauto e Luiz Gushiken - estariam
pagando deputados federais para votarem projetos de lei de iniciativa
do presidente da República. Eles (ministros)
foram os auxiliares e ele (Lula)
ordenou, sim, que se fizesse aquilo que diz a acusação. Se ele não
tivesse ordenado, seria um pateta. É claro que os ministros não
mandavam mais do que ele (Lula)",
sustenta o advogado.
Questionado
sobre a razão de Jefferson ter dito que o então presidente da
República era "inocente", o advogado respondeu: "Foi
uma licença poética, por recomendação minha. Naqueles dias
turbulentos ele não deveria atacar Lula e Dirceu a um só tempo. O
Lula não sabia nem onde apagava a luz, o Dirceu tinha controle total
do governo. Então o alvo foi o Dirceu. Não demorou nem dois dias e
ele deixou o governo (Dirceu
era chefe da Casa Civil)
e voltou para a Câmara. Eu acho que o Roberto Jefferson exagerou
dizendo que Lula era um homem inocente. De todo modo, o responsável
pela defesa sou eu. Tenho total liberdade, sob pena de não
patrocinar a defesa. É meu trato com ele."
Roberto Jefferson passará
por uma cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas no dia 28 de
julho e não irá ao Supremo para o julgamento, que começa dia 2 de
agosto. Barbosa afirmou que a decisão de Jefferson foi tomada antes
do diagnóstico. "Não é produtivo, não ajuda o julgamento",
diz.
O
advogado rejeita os dois crimes atribuídos ao cliente pela
Procuradoria Geral da República, de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. O ex-deputado, que teve o mandato cassado em setembro de
2005, disse ter recebido R$ 4 milhões do PT para o PTB. Jefferson é
presidente nacional do PTB. "Esse processo não poderia ter
existido e foi feito para silenciá-lo, porque ele seria a melhor
testemunha de acusação. Ele recebeu R$ 4 milhões e deveria ter
recebido R$ 20 milhões para a eleição municipal de 2004. E que
lavagem de dinheiro se o PT na época era uma vestal incontestável?
Ele (Jefferson)
não poderia suspeitar da origem do dinheiro, nem ele nem ninguém",
diz Barbosa. Para o advogado, salvo alguns réus que respondem por
evasão de divisas, o julgamento "vai ser um festival de
absolvições".
O Estado de São Paulo