Roberto Gurgel protocolou os pedidos de investigação com base nas investigações da Operação Monte Carlo; inquéritos estão sob segredo de Justiça
Na semana em que prestaram depoimento à CPI do Cachoeira no Congresso Nacional, os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), receberam a notícia de que a Procuradoria Geral da República (PGR) protocolou, junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedidos para abertura de inquéritos para investigar o tucano e o petista. A informação foi confirmada pela assessoria da PGR.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, formalizou na terça-feira (12) o pedido de inquérito para a apuração de fatos relacionados à Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, no caso de Perillo e Agnelo. O governador do DF também é alvo de pedido para um inquérito que apuraria supostas irregularidades em sua gestão como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos os pedidos estão sob segredo de Justiça.
No último dia 7 de maio, Gurgel havia dito que pediria a abertura de inquérito no STJ para investigar os dois governadores.
Em depoimento à CPI nesta quarta-feira, um dia depois de Perillo falar à comissão, Agnelo negou qualquer favorecimento à construtora Delta, alvo de denúncias que envolvem o bicheiro Carlos Cachoeira, e disse que sofre perseguição política pelo crime organizado no DF. Ele negou também ter favorecido o grupo do contraventor.
“É legítimo eu questionar, quero o nome de uma pessoa que eu tenha nomeado a pedido de Cachoeira. Um só nome que eu tenha nomeado a pedido de Cachoeira com todas as 30 mil horas de gravação [da Operação Monte Carlo]”, afirmou. Agnelo disse que não vai “conviver com desconfiança da sua biografia” e colocou à disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. E foi muito aplaudido por parlamentares da base aliada presentes na comissão.
Na terça-feira, Perillo também negou envolvimento com o contraventor. "Nunca mantive nenhuma relação de proximidade com o senhor Carlos Cachoeira", afirmou o tucano. "Trinta mil horas de gravações, três anos de gravações e não há nenhuma ligação do senhor Carlos Cachoeira para o meu telefone, ou para o meu gabinete", disse.
Perillo afirmou que a única ligação que fez a Cachoeira foi para lhe dar parabéns pelo seu aniversário. "Eu não estava telefonando ali para um contraventor. Estava ligando para um empresário que trabalhava na área de medicamentos", afirmou, acrescentando que Cachoeira possuía livre trânsito na elite política de Goiás.
De acordo com as investigações feitas pela PF, houve pelo menos 70 ligações telefônicas entre secretários do governador do DF e integrantes do grupo de Carlinhos Cachoeira. Eles teriam se aproximado dos secretários para intermediar contratos entre empresas e o governo do DF.
Perillo, por sua vez, será investigado por causa das relações do grupo de Cachoeira com autoridades públicas de Goiás. A PF identificou que o grupo teria atuado para beneficiar empresas em negócios naquele Estado, inclusive com o oferecimento de propina a integrantes da polícia local.